Pastor Marcionilo Francisco De Carvalho
O Pr. Marcionilo Francisco de Carvalho nasceu na cidade de João Pessoa (PB), no dia 04.04.1900, e faleceu na cidade de Salgueiro (PE), em 06.01.1945.
Era viúvo, sem filhos, quando se casou, em Campina Grande (PB), com uma moça crente, de nome Regina Corrêa de Oliveira, membro da Primeira Igreja Batista daquela cidade. Aquele que seria o seu futuro marido (Marcionilo), foi-lhe apresentado pelo casal de missionários americanos de nome Arnald Edmund Hayes e sua esposa Helena Hayes. Após essa apresentação, em um mês apenas deu-se o namoro, noivado e casamento. O nome dela passou a ser Regina Oliveira de Carvalho, a qual faleceu em 23 de setembro de 1997. Dessa união conjugal nasceram sete filhos, quais sejam: Djalma, que nasceu em Campina Grande, em 12.10.1932; Hugo e Edésio, nascidos em Souza (PB), em 20.06.1934 e 06.11.1935, respectivamente; Hermes, que nasceu em Salgueiro (PE), em 26.07.1937; uma filha de nome Neverita, nascida em Juazeiro do Ceará, em 31.10.1940; e ainda, Edson e Rui, nascidos na cidade de Serra Talhada (PE), em 28.08.1942 e 15.02.1944, respectivamente. Todos os seus filhos converteram-se ao Evangelho, tornaram-se membros regulares de igrejas batistas, e como discípulos do Senhor Jesus Cristo, servem a causa do Mestre (exceto Djalma, que já faleceu) alguns no ofício diaconal; a filha Neverita casou com um pastor (João Antônio Mathias – Pastor da Igreja Batista no Bairro de Caxangá, em Recife (PE). Um dos filhos foi chamado pelo Senhor Jesus para o exercício do Ministério Pastoral (Pr. Hermes). Ao falecer, em 1945, o Pr. Marcionilo deixou viúva Da. Regina Carvalho com sete filhos, ficando o mais velho com 12 anos e o filho caçula com 10 meses de idade. Em segundas núpcias, Da. Regina casou-se (1954) e teve mais uma filha de nome Elizabeth de Oliveira Freitas, membro da Igreja Batista de Capunga, em Recife (PE).
Marcionilo conheceu o evangelho quando se encontrava fantasiado, portando um tubo de “lança perfume”, brincando o carnaval. Nessa situação, ao passar em frente a uma Igreja Batista foi atraído pelo cântico de um hino. Aproximou-se, entrou, ouviu a pregação da Palavra e saiu convertido; era agora uma nova criatura para uma nova vida em Cristo. Tal fato ocorreu em fins da década de 1920, em João Pessoa (PB).
Pela sua dedicação ao evangelho, Marcionilo logo recebeu o chamado divino para o ministério pastoral. Com o apoio da Igreja e de um casal de missionários da outra América (Arnald Edmund Hayes e Helena Hayes), recebeu os ensinamentos básicos doutrinários e teológicos, em uma Escola Bíblica para a formação de evangelistas e pastores, dirigida por missionários americanos e pastores brasileiros.
Iniciou seu ministério na cidade de Campina Grande. Pastoreou igrejas nas seguintes cidades: Souza e Cajazeiras na Paraíba; Juazeiro - no Ceará; Salgueiro, Serra Talhada, Santa Maria e Carreiro de Pedra em Pernambuco, entre outras. Além disso dava assistência doutrinária e espiritual mensal às congregações de: Cabrobó, Bodocó, Serrinha, Petrolina, Floresta, Belmonte, Barra, São Francisco, Exu e Sítio dos Nunes. Mais tarde, muitas delas organizaram-se em igrejas. Continuamente, visitava esses campos, promovendo a manutenção e expansão dos trabalhos evangélicos, viajando sempre a pé ou a cavalo alugado, dependendo das distâncias. Nas viagens mais longas quando parava à noite, acendia uma fogueira e se deitava, fazendo da cela do animal o seu travesseiro. Assim cumpria o seu calendário de visitas às vilas, povoados, aldeias e cidades, pregando o evangelho e pastoreando as ovelhas do Senhor Jesus.
Foi empreiteiro e construtor de obras (casas, prédios, praças, etc). na cidade de Serra Talhada, por exemplo, realizou as seguintes construções, entre outras: Prédios da Cadeia Pública, dos Correios, da Cooperativa, do Banco do Brasil, afora algumas casas para comerciantes/empresários da região. Na cidade de Campina Grande (PB), fez a planta e construiu o templo da Primeira Igreja Batista, tendo sido considerado, à época (década de 30), a mais importante edificação da cidade, em razão do refinamento da fachada do templo e dimensões deste, a ponto de ter sido proposto pelo Prefeito, quando da inauguração da obra, conferir-lhe o título de Engenheiro, o que ele (Marcionilo) agradeceu, mas não aceitou a honraria alegando que não havia feito curso superior naquela área (Nesse mister, foi um autodidata).
Observe-se que nas cidades onde residiu ele sempre exerceu paralelamente essa atividade profissional, como suporte para sua subsistência e da família, afora o atendimento de necessidades das igrejas/congregações e suas membresias nos campos que pastoreava.
Foi, por assim dizer, à semelhança do Apóstolo Paulo, “um fazedor de tendas”, mas não possuiu residência própria, porque seu foco era a expansão do Reino de Deus, o que o levava a estar sempre mudando de cidade, para plantar novas congregações e igrejas.
Costumava-se ausentar-se de casa, em média, quinze dias por mês, para atender as atividades do serviço religioso. O restante do mês dedicava às atividades profissionais.
Foi missionário, pastor e evangelista. Realizou as atividades missionárias, basicamente no interior do Nordeste, começando pela cidade de Campina Grande, onde iniciou como evangelista e, posteriormente, consagrado pastor e, continuando, alcançou novas cidades interioranas nos Estados da Paraíba, Ceará e Pernambuco.
Marcionilo de Carvalho exerceu sua atividade missionária e pastoral em Serra Talhada entre os anos de 1938 a 1944. Em meados de 1944, mudou-se para a cidade de Salgueiro (PE), onde veio a falecer em 06.01.1945, com 45 anos de idade, afetado por complicações nos rins, decorrentes, segundo declarou o médico, Dr. Orlando Parahim, das longas e constantes viagens em lombos de animais (cavalos ou burros).
Da. Regina acompanhava o cântico dos hinos tocando um órgão, que fora doado à Igreja por missionários americanos. Nos momentos de louvor e adoração alguns hinos do Cantor Cristão apareciam com mais freqüência na Liturgia do Culto, tais como: 7 (Maravilhas Divinas), 9 (Santo), 15 (Exultação), 25 (Amor), 73 (Um Grande Amigo – Este Hino, certa feita, foi cantado também em um culto realizado na Cadeia Pública, localizada na parte leste da Rua das Pedrinhas), 96 (Deslumbrante), 123 (Bendito Cordeiro), 135 (Louvor), 137 (O Pão da Vida), 139 (Dia do Senhor), 148 (Hora Bendita), 152 (Pastor Divino), 154 (Firme nas Promessas), 162 (Viajar e Orar), 259 (A Última Hora), 401 (Eu Sou de Jesus), entre vários outros. Destes, os mais apreciados por ele (Marcionilo) foram os seguintes: 7, 9, 15, 148, 152 e 401.
Manteve residência fixa em Serra Talhada no período de 1941 a 1944, mas deu assistência missionária e pastoral ao trabalho batista nesta cidade entre 1938 a 1944, quando se mudou para residir em Salgueiro (PE).
Foi contemporâneo de Marcionilo de Carvalho no seu ministério em Serra Talhada, o missionário batista Zacarias Campelo que, por volta de 1941/1942, também residiu nesta cidade, dedicando-se às atividades evangélicas não só em Serra Talhada, como em Caruaru, Arcoverde, Flores e Triunfo, mudando-se posteriormente, para Caruaru, onde trabalhou como missionário da Convenção Batista.
Nos dois últimos anos de sua vida, Marcionilo de Carvalho deu continuidade ao seu trabalho missionário, sempre incansável e sem negligenciar um só instante, mesmo com muitas lutas e perseguições¹.
Em Cajazeiras (PB), em um domingo pela manhã quando o Pr. Marcionilo estava dirigindo o culto dominical, um grupo de seguidores do Frei Damião levou algumas latas de 20 kg, cheias de fezes retiradas de uma latrina (fossa), forçaram uma das janelas da frente da casa e lançaram tudo no interior da casa. O odor fétido foi terrível, forçando o Pr. Marcionilo a mudar de residência.
Em Juazeiro do Ceará, foi expulso da cidade e saiu com a família em um carro, este escoltado pela policia em dois veículos, postados um à frente e outro atrás, assim protegido para não ser apedrejado.
Em Salgueiro, alguns homens armados de espingarda e faca, ficaram de tocaia em um matagal onde o Pr. Marcionilo deveria passar ao retornar de visita a um povoado onde fora celebrar um culto evangélico. De volta para casa, na noite escura, o animal mudou o caminho sem que o Pr. Marcionilo percebesse (por providência divina). Depois de muito cavalgar tomou o rumo da cidade, e assim, pode chegar em casa são e salvo. Passado algum tempo, um homem desse bando converteu-se, e contou ao Pr. Marcionilo o ocorrido com a emboscada frustrada a mando de Frei Damião. Ainda, em Salgueiro, Em um confronto no salão de reuniões da Prefeitura, o citado Frei sacou o revolver para atirar no Pr. Marcionilo declarando antes de acionar a arma: “Morra os protestantes”. Foi contido pelo Delegado que, sentado ao lado do Frei (por providência divina), segurou a arma e o braço do agressor (Frei Damião), ficando sem êxito seu intento de tirar a vida do Pastor Marcionilo. O projétil disparado atingiu o teto do salão. Esse encontro foi promovido pelo Frei Damião para um debate bíblico com o Pr. Marcionilo, tendo sido convidado para estar presente o Prefeito, o Juiz, o Delegado, comerciantes, vereadores e outras autoridades locais. Diante do insucesso, porque não conseguia dar respostas convincentes e precisas às questões levantadas, enquanto o Pr. Marcionilo respondia com segurança mediante comprovação em textos bíblicos a todas as perguntas formuladas, começou a surgir pequenos rumores e vaias da parte das pessoas que se aglomeravam (povo em geral) no recinto ou, observando a tudo das janelas. Esse fato contribuiu para aquele religioso perdesse o controle da situação levando-o ao ato extremo acima mencionado².
¹Gomes, Aparecida Maria Alvino Cavalcanti. Tempo de Celebrar. Serra Talhada: Gráfica Ponto Final, 2007, p. 51-55.
²Relato elaborado pelo Pr. Hermes Carvalho (filho).